Sou a mais velha de um casal de filhos. Criada numa família tradicional com pai, mãe e irmão.
Nossa educação foi baseada nos princípios cristãos.
Minha mãe engravidou de mim aos 21 anos, embora não fosse tão jovem assim, a gravidez não estava em seus planos. Devido à gravidez, ela e meu pai tiveram que se casar.
Quando eu tinha 4 anos meu irmão nasceu.
Meu pai, apesar de morar conosco, sempre foi muito ausente na nossa educação. Minha mãe sempre foi o pilar do nosso lar.
Como lhes contei, minha mãe teve uma gravidez indesejada, e é esta história que norteou minha educação sexual.
Ela nunca se perdoou por ter magoado seus pais, cresci ouvindo seus relatos de como havia sido tratada ao revelar que estava grávida. Meus avós depositaram grandes expectativas sobre ela, e o mesmo ela fez comigo.
Pouco falávamos sobre sexo em casa, e quando o assunto era tocado, minha mãe sempre me dizia para tomar cuidado, pois o sonho dela era que eu me casasse virgem.
Quando eu pensava em dar um passo além, me lembrava de suas palavras: "Não cometa o mesmo erro que eu, a mulher que engravida antes de se casar sofre muitas humilhações."
Nunca me senti rejeitada por ser fruto de uma gravidez não planejada, muito pelo contrário, sempre senti que ela estava cuidando de mim. Tenho certeza que ela errou tentando acertar.
Sempre tive grande admiração pela minha mãe, sempre a achei muito guerreira, batalhadora, carinhosa. E tamanha admiração, fez com que eu buscasse sua aprovação em tudo que eu fizesse. Só de pensar que ela não me aprovaria, eu temia seguir em frente.
Falávamos sobre assuntos diversos menos sobre assuntos relacionados ao corpo ou à sexualidade.
Na adolescência minha maior vergonha era menstruar e ter que contar ou pedir um absorvente para ela.
Não consigo explicar o porquê, mas o fato é que tinha tanta vergonha que ela só soube da minha 1ª menstruação 3 meses depois.
O sexo sempre foi grande tabu para mim. Na adolescência, como qualquer outro, eu comecei a descobrir meu corpo, me tocava e sentia prazer com isso, mas sempre me sentia culpada, muito culpada depois.
Nos meus relacionamentos, mesmo sem sexo, eu evitava que os homens me tocassem para que o sentimento de culpa não me invadisse.
Mesmo depois de casada, além do vaginismo, tive outros problemas relacionados à sexualidade, eu não aceitava que meu marido me tocasse, me acariciasse, que ele me visse nua, que tomasse banho comigo... Estes problemas já foram superados graças ao marido maravilhoso e compreensivo que tenho.
Com certeza a maneira com a qual o sexo foi tratado na minha casa, tem grande relevância na minha vida sexual hoje.