Gente, mais um depoimento lindo e empolgante, vale a pena ler até o final.
A Orquídea era uma daquelas leitoras que, na maioria das vezes, passava pelo blog quietinha e ia colocando em prática tudo que lhe parecia útil, por fim, alcançou seu objetivo, e hoje está curada.
Orquídea, obrigada por compartilhar sua história conosco. Obrigada pelo seu carinho, você é uma querida.
Melissa, Meninas, Olá!
Eu estava devendo a algum tempo o meu depoimento. E é com grande alegria que faço isso e que a minha história possa te motivar, te encorajar a não desistir da cura, porque é possível! A história será um pouco longa, afinal foram um pouco mais de 6 anos...
Bem, atualmente eu tenho 30 anos de idade e 6 anos e meio de casada. Eu e o meu marido, nos casamos virgens por escolha própria. Sempre conversávamos que se não rolasse na primeira noite, tudo bem, porque afinal, o dia do casamento é bem cansativo e tals. Porém, na primeira noite, até começamos, mas devido ao cansaço, decidimos não tentar a penetração. Viajamos para a lua de mel e na segunda noite, tentamos a penetração e não conseguimos, achamos que era inexperiência em não saber direito como as coisas funcionavam. Não achei que houvesse algum problema, pois não estava nervosa, com medo ou qualquer coisa do tipo...eu o amava, lubrificava super bem e até cheguei a ter um orgasmo só com as preliminares. Voltamos da lua de mel sem conseguir consumar o casamento, mas achávamos que era questão de tempo... "Namorávamos"quase todos os dias, porém, a penetração não acontecia :( Apesar desejar o meu marido, lubrificar super bem, sensação era que havia uma "parede" entre as pernas que impedia o pênis de entrar...
Quando completei 3 meses de casada, resolvi conversar com a minha mãe sobre o que estava acontecendo e ela orientou que eu procurasse uma ginecologista. Nesse meio tempo, em uma noite, durante as tentativas, senti que entrou um pouquinho pela primeira vez e depois vi um pouco de sangue no cobertor e achei que finalmente tinha finalmente conseguido e ficamos tão felizes! Fui na consulta, contei a toda a história e lá, a médica me disse que estava tudo normal e que o meu hímen continuava intacto, ou seja não tinha tido a penetração. Me disse que estava tudo bem (na época , preferia que ela dissesse que havia algo errado que pudesse ser resolvido) e disse que "eu tinha que tentar mais"... Mas como assim tentar mais, eu já estava tentando! Sai de lá me sentindo uma incapaz de fazer uma coisa tão simples que era perder a virgindade. Mas blz, era só continuar tentando... Passou-se um ano e nada, a lubrificação cada vez menor e o desejo pelo ato sexual também, pois apesar do enorme carinho amor e paciência do meu marido, tentar a penetração era cada vez mais doloroso fisicamente (pois antes não doía e agora sim) e psicologicamente... Era como se já iniciasse sabendo no que ia dar, que eu não ia conseguir novamente, daí comecei a querer não tentar e até a meu marido começou a ter efeitos como não conseguir sustentar a ereção por mais que alguns minutos (sim, o marido da mulher vagínica, acaba por sentir efeitos também).
Logo após completar um ano, fui procurar outra ginecologista, pois não era possível que após um ano de casada, amando o meu marido, eu não conseguisse consumar o casamento... Contei mais uma vez a minha história e tive que ouvir da médica que isso estava acontecendo porque ambos eram virgens (e todo mundo não sai dessa condição primária?) e pasmem!, ela me orientou a dizer pro meu marido que ele procurasse uma prostituta pra deixar de ser virgem e que eu fizesse o mesmo, e após os dois terem uma experiência sexual, tentássemos novamente. Meninas, eu na hora não acreditei que estivesse escutando aquilo, mas eu estava. Sai de lá arrasada, magoada, impotente, incapaz... Contei para o meu marido chorei, chorei e ele me abraçou e disse que ela só podia estar maluca, que isso não iria acontecer e que iriamos conquistar isso juntos. Era só questão de tempo.
A cada ano, ao fazermos aniversário de casamento a angústia era maior, e eu só pedia a Deus que no próximo aniversário, pudéssemos comemorar com uma linda noite de amor.
A cada ano, ao fazermos aniversário de casamento a angústia era maior, e eu só pedia a Deus que no próximo aniversário, pudéssemos comemorar com uma linda noite de amor.
E chegamos a três anos... Nessa época, ficávamos até 3-4 meses sem tentar nada pelo medo de sofrer... Veio também o desespero de nunca poder ter filhos da forma natural... Então, em um dia de férias comecei a procurar os meus sintomas no Google. Eu não acreditava que aquilo era normal, que era falta de tentar e etc... Então encontrei o site "vaginismus" blogs que descreviam os sintomas como uma "parede impedindo a penetração" e eu disse "é isso que eu tenho!". E comecei a aprofundar as pesquisas e me identificar com os relatos nos blogs. Procurei uma psicologa nesse tempo e foi um ano e meio de tratamento, que me ajudaram a lidar com mts questões da vida, mas no meu caso não com o vaginismo.
Arrumei coragem de procurar outra gineco, pois depois da ultima consulta, eu não havia procurado mais com medo do que poderia ouvir. Infelizmente, há muitos profissionais inexperientes nessa área e o pior sem humanidade. Mas também, sei que há bons profissionais. Contei mas uma vez a minha história pra medica. Como era difícil contar esse historia pra alguém... Em todos esses anos, apenas as nossas mães souberam e uma amiga mto chegada. Contei tb sobre o que havia pesquisado e a dra pediu para me examinar e perguntou se eu já havia feito preventivo com o bico de pato e eu falei que não e ela disse que iria tentar. E não é que, conseguiu! E disse que não era vaginismo pq conseguiu fazer o exame. Sai de lá esperançosa pois não tinha uma barreira na minha vagina. A médica passou uma transvaginal e o médico também conseguiu fazer o exame... Fui pra casa pensando, pronto!, acabou essa história e disse pro meu marido que iriamos conseguir... Só que não... Lá se foram outros meses e nada. Isso deixou o meu marido mal, pois pq eu conseguia fazer o exame, mas o meu corpo não impedia que ele me penetrasse... Apesar de amá-lo, desejá-lo...
E chegamos a 4 anos de casados, comecei novamente as pesquisas e tomei conhecimento da fisioterapeuta -ginecológica em um blog e marquei uma consulta. Ela foi um amor de pessoa e disse já ter trabalhado com vagínicas e que na maioria das vezes o processo é psicológico, pois nos exames quem estava no comando eram os médicos e que na relação sexual era eu quem estava no comando. Ela disse que geralmente eram 10 seções em média para a cura e que me ensinaria a comandar o meu próprio corpo. Fiz o tratamento com as técnicas de relaxamento, respiração, exercícios de kegel e na quinta consulta já estava conseguindo penetrar uma prótese de pênis! Estava mto perto da cura, mas na época, mudei de chefia, pois antes ela era de outro estado e eu tinha um horário mais flexível para trabalhar e conseguia ir para as consultas no meio do expediente... E agora como explicar o porquê de precisar do tratamento. Com não quis mentir, tive que abandonar o tratamento... Mas consegui uma penetração parcial com meu marido e achei que era só continuar os exercícios,mas tive uma infecção ginecológica e tive que fazer tratamento, sem relação sexual. Após quase um mês fomos tentar de novo e nada! Todo a evolução tinha ido por água abaixo... Daí veio novamente o desânimo, o medo, paramos de tentar e etc.. Meninas, muitas vezes, nós boicotamos o nosso próprio tratamento. Hoje, consigo enxergar isso... Quantas vezes deixei pra lá por medo de encarar...
Fiz cinco anos de casada e a vida seguindo.
6 anos! Com seis anos, voltei a ler os blogs e as histórias de cura, e pensei por que comigo será diferente? E comecei a me esforçar pra mudar o meu modo de pensar. Amo o meu marido e sei que também me ama, pois do contrário não estaria mais comigo e comecei a colocar a fé em Deus em prática. Não como das outras vezes, pensando que Deus iria fazer um milagre (SIM! ELE faz milagres! Eu sou um milagre, mas isso é uma outra história...). Mas tem situações que temos que fazer o que nos cabe! Dessa vez não iria "cair do céu" porque EU tinha que me esforçar também... Quantas vezes nesses anos, eu com medo de enfrentar o problema eu deixei pra lá... Não foram seis anos de luta, foram seis anos de idas e vindas. Mas dessa vez, fui atrás da cura com unhas e dentes... Precisava fazer isso por mim, pelo meu marido e pelo nosso amor! E agradeço a Deus (porque sem Ele nada aconteceria), pela vida da Melissa e por achar esse blog. Foi a coragem que eu precisava naquele momento. Li sobre os dilatadores da Absollo, pois apesar de eu ter uma prótese, era do tamanho normal e eu não conseguia fazer nada com ele... E comprei, (embalagem discreta) e me pus a treinar, dilatador a dilatador, sempre usando em todas as vezes do menor até o tamanho que eu conseguia... Todos os dias... sempre primeiro pedindo a Deus que me ajudasse a vencer de uma vez por todas, depois com o exercícios de kegel ( relaxamento e contração muscular da vagina) e penetração com os dilatadores (ah.. utilizando um lubrificante a base de água) pois a minha lubrificação praticamente tinha se extinguido...Cerca de quinze dias depois, tentei com o meu marido (antes fiz todos os exercícios durante o banho para preparar a vagina) e consegui penetrar \o/ tudo! Não foi assim de uma vez como mágica, pedi pro marido ir tentando aos pouquinhos... tentou não foi, tentou de novo foi mais um pouquinho e assim até à penetração completa. Dessa vez era diferente, pela primeira vez eu senti que estava no controle dos movimentos do meu corpo! Ele só estava fazendo para o qual foi criado, foi mto bom, ficamos felizes pois foi uma evolução fantástica, porém, o meu marido não conseguiu a a ereção por mto tempo, lembra que falei que o vaginismo afeta também os maridos? Então, não houve ejaculação. Continuamos o processo de cura e conseguimos a penetração completa mais duas vezes, porém, também, sem ejaculação... E meu marido já triste e preocupado e querendo procurar um médico... Até cheguei a ler sobre ejaculação retardada, pois em todos esses anos, ele havia ejaculado apenas com polução noturna (não praticamos a masturbação). E eu disse a ele para esperarmos um pouco, afinal, foram anos difíceis e que poderia ter bloqueado de alguma forma, pois até então nessas tentativas satisfatórias as coisas estavam bem mecânicas (é meninas, isso mesmo, eram beijinhos, toques, tesão e etc, mas quando chegava a "hora H de penetrar", era peraí, coloca o lubrificante, abre a perna, segura os lábios vaginais para dar abertura, direciona o pênis, começa a penetrar...) Uma dica: coloque o lubrificante na própria vagina antes de começar a a namorar para não ter que parar depois de começar o momento de vocês...
Então, teve um dia em que nossas mães viriam nos visitar, pois moramos em outro estado. O voo atrasou e estávamos aguardando em casa, daí, eu disse: "Poxa, podíamos namorar um pouco, pois elas vão passar alguns dias aqui em casa e vamos ficar tensos pra tentar alguma coisa e vai que faz barulho..." Nos primeiros dias, após conseguir a penetração, meninas, é normal, você ter medo de ficar alguns dias sem tentar e voltar tudo de novo... Começamos a namorar, detalhe, sempre era um ritual pra tentar... E nesse dia, tinham os acabado de chegar do trabalho, nem tínhamos tomado banho ainda... Tentamos, sem lubrificante, e não conseguimos penetrar, pois eu estava bem seca embaixo apesar de estar a fim, corri pro banheiro, passei o lubrificante e voltei, tentamos novamente, mas daí a ereção tinha ido embora... Levamos isso na boa e ficamos ali deitados, com carinho e de repente, voltamos a tentar novamente, assim sem cobranças, pela primeira vez, sem rituais , sem tentar uma posição mais fácil, (até o momento só tínhamos conseguido comigo por cima, apesar de eu não gostar muito, porém, para penetrar, como a mulher está no controle é mais fácil para as primeiras vezes) parece que os corpos foram se encaixando (ele por cima), a penetração aconteceu, foi havendo movimentação kkk até que ele ejaculou... Nossa, foi o momento mais lindo, ele e eu choramos ali abraçados, assim meio que sem acreditar, e finalmente depois de seis anos e dois meses, VENCEMOS o vaginismo!!! OBRIGADA, DEUS!
Queridas, desculpe o longo relato, mas quis escrever todas as dificuldades com o máximo de detalhes possíveis (porque na verdade, dá um livro) pois talvez, você se identifique e quem sabe esse relato vai representar para vc o diagnóstico, uma luz no fim do túnel, uma esperança de que é possível! SIM, A CURA É POSSÍVEL! Por um longo tempo, eu não acreditei que seria e e tive muitos momentos de idas e vindas em relação a esperança. Agradeço a Deus pelo homem que ele colocou em minha vida pois o seu companheirismo foi fundamental. Lute pela cura, não deixe pra lá, o caminho não é fácil, mas possível. Amanhã, é o dia internacional da mulher e talvez você não se sinta uma mulher completa ainda, como eu não me sentia. Transforme esse sentimento em força para conquistar o que tanto deseja. A vida pós-vaginismo é fantástica.... Muitas descobertas. Ainda não consegui o orgasmo vaginal, mas sinto que estou cada vez mais perto, pois a cada dia vou me conhecendo melhor e ao meu marido. Um bjo, queridas!
Orquídea
07/03/2015